Da Série C à SAF: Fortaleza se organiza, amplia orçamentos e desbrava torneios internacionais

Da Série C à SAF: Fortaleza se organiza, amplia orçamentos e desbrava torneios internacionais

Da Série C à SAF: Fortaleza se organiza, amplia orçamentos e desbrava torneios internacionais

Duvido encontrarem um torcedor do Fortaleza que, em meados de 2017, afirmasse categoricamente que, anos depois, o clube aportaria como Sociedade Anônima de Futebol, tão logo depois de disputar duas Libertadores seguidas, e chegar às semifinais de uma Sul-Americana. Àquela época, o Leão do Pici amargava a Série C e talvez até sonhasse com voos mais altos, mas sem ter a real dimensão do que o esperava pela frente.

A ascensão rápida à Série A e ao mundo das competições internacionais, no entanto, não aconteceu do dia para a noite. O Leão precisou equilibrar orçamentos, acertar planejamentos e crescer dentro e fora de campo. Hoje, aquele time que disputava a Terceira Divisão, aprendeu com o passado e se tornou Fortaleza Esporte Clube SAF.

Equilíbrio financeiro

O Fortaleza zerou as dívidas trabalhistas em 2022. Em dezembro de 2021, o valor correspondia a R$ 740 mil (restantes de um montante que chegava próximo aos R$ 7 milhões no início da gestão do presidente Marcelo Paz). Em agosto do ano seguinte, o Tricolor do Pici zerou as dívidas trabalhistas.

A consolidação do Fortaleza se percebe em campo, obviamente, e no dinheiro em caixa. O montante total de receitas para 2023 é de R$ 208,6 milhões, valor recorde na história do Tricolor do Pici. Em 2022, para se ter uma noção, o orçamento foi de R$ 141 milhões. O clube aumenta o faturamento anualmente, e na última temporada alcançou as maiores cifras de sua história. Com isso, pode gastar mais com salários de jogadores e reforços.

Reforços de peso

Entre os tantos jogadores que vestiram a camisa do Leão de 2018 para cá, alguns marcaram o nome na história tricolor. Naquele 2018, por exemplo, o Fortaleza teve o artilheiro do país. Gustavo, o Gustagol, comandou o ataque do Leão e chegou à marca de 30 gols no ano, levando o time de volta à Série A e ao título da Série B.

O tempo foi passando e jogadores como Wellington Paulista (artilheiro do time em 2019 e 2020 com 15 gols em cada ano), Yago Pikachu (com 17 em 2022), Lucero (com 20 até aqui em 2023) brilharam pelo time. Com dinheiro em caixa e possibilidade de ousar, o Tricolor foi se posicionando cada vez melhor no mercado de contratações.

Em 2023, o Fortaleza contratou o argentino Imanol Machuca por R$ 12,5 milhões. O atacante é a compra mais cara da história do futebol cearense – e a segunda mais cara do NE. Renato Kayzer e Calebe (R$ 6 milhões), além de David (R$ 5 milhões) e Benevenuto (R$ 4,5 millhões) também estão entre as compras mais caras da história do clube.

Técnicos que mudaram a história

Em 2018, Rogério Ceni chegou ao Fortaleza e levou o clube de volta à Série A e ao título de Campeão Brasileiro da Série B. É, até hoje, a maior conquista da história centenária do time. Foi com Ceni também que o Leão iniciou o processo de reestruturação. A parceria entre treinador e presidente (Marcelo Paz), rendeu reforma no Centro de Treinamento, profissionalizando ainda mais a equipe no cenário nacional do futebol.

Vojvoda (que está desde 2021) foi outro que elevou o Tricolor de patamar. Já na primeira temporada, alcançou o inédito G-4 na Série A e a inédita vaga na Libertadores (já na fase de grupos). Levou ainda o time às semifinais da Copa do Brasil (2021), à segunda Libertadores seguida (2022 e 2023), às semifinais da Sul-Americana (2023), ao pentacampeonato estadual (2023), ao bi da Copa do Nordeste (2022).

O Fortaleza, inclusive, está prestes a ser o primeiro nordestino a chegar ao sexto ano seguido na Série A na era dos pontos corridos. Diante da grande discussão entre torcedores para saber quem foi o melhor técnico da história do clube, pode-se dizer que Ceni pavimentou o caminho para que Vojvoda pudesse correr.

Virou SAF, e agora?

No sábado (23), o Fortaleza se tornou SAF. O clube fez esse movimento devido a possibilidades de empréstimo e manutenção de competitividade. Ao todo votaram 1256 sócios do clube. O número bateu o recorde histórico em relação a votação de 2015, quando 920 sócios votaram para eleger Jorge Mota.

O Fortaleza se inspirou no Bayern de Munique, da Alemanha. A equipe foi estudada por manter o controle dentro da instituição. O modelo, diga-se, é diferente de Botafogo e do Vasco e mais próximo ao que fez o América-MG. Tudo relacionado ao futebol do Fortaleza passará para a SAF. A associação do clube continua com ativos imobiliários e deve ser remunerada pela SAF pela utilização de Centro de Treinamento Ribamar Bezerra, Centro de Excelência e demais instalações do clube.

Haverá a criação do cargo de Chief Executive Officer (CEO). Com remuneração e metas, o CEO ficará responsável pela gestão de todos os pontos sobre futebol do clube, incluindo também as categorias de base e o feminino. Será um cargo contratado, ou seja, pode ser demitido de acordo com a vontade da associação, que manterá o controle da agremiação. A expectativa é de que Marcelo Paz assuma o cargo.

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