Alerta ao Botafogo: Carille, campeão com Corinthians, temeu fracasso após oscilação em 2017

Foi inevitável não comparar o Botafogo de 2023 com o Corinthians de 2017 no fim do primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Com 47 pontos, os dois times tiveram a melhor campanha nos 19 primeiros duelos da competição, com o clube carioca até superando o Timão no número de vitórias (15 a 14).

Agora, no fim da 32ª rodada, já é possível fazer um novo comparativo.

Depois de abrir uma enorme diferença para os concorrentes ao título, o Botafogo perdeu fôlego, viu Palmeiras, Bragantino e Grêmio encostarem e vive momento de incertezas, mesmo tendo um jogo a menos do que a maiorias dos rivais na tabela.

Em 2017, o torcedor do Corinthians também temeu perder um título que parecia ganho e teve um jogo decisivo na 32ª rodada da competição. Com só 12 pontos nas primeiras 12 rodadas do returno, o Timão havia estacionado nos 59 pontos e enfrentaria o Palmeiras, com 54, num jogo decisivo:

– Se a gente perdesse aquele jogo contra o Palmeiras, a diferença ia cair. E a gente vinha num returno muito ruim. Penso que ia ficar muito difícil (ser campeão), com o Palmeiras crescendo e encostando a cada rodada. Essa vitória foi importante demais – relembrando o peso da vitória por 3 a 2 que encaminhou o heptacampeonato brasileiro.

Naquele momento, o Corinthians vinha de uma derrota por 2 a 0 para o Bahia, um empate sem gols com o Grêmio, uma derrota por 2 a 1 para o Botafogo e uma derrota por 1 a 0 para a Ponte Preta. A vitória no Dérbi levou o Timão aos 62 pontos, abrindo oito para o Palmeiras.

Para Carille, que hoje comanda o V-Varen Nagasaki, do Japão, aquele era um momento em que o elenco já pensava em outros passos da carreira:

– São vários fatores que causam isso, mas eu não tenho dúvidas que um foi o desvio de foco. Informações de que a família do Guilherme Arana já estava na Espanha vendo casa; o Fenerbahçe ir ao Corinthians para tentar levar o Rodriguinho; a novela do Pablo de renova ou não renova; a indefinição do Maycon de ir para a Ucrânia no final de 2017 ou no meio de 2018; o Jô com uma sondagem grande do Napoli, um cara que estava desacreditado para o futebol e que daqui a pouco estava jogando muito, sendo decisivo. Então não é maldade, é algo natural para um time que chamava a atenção.

– Então acho que isso foi o principal, mas teve também um pouco de má sorte. Contra o Atlético-GO, finalizamos mais de 30 vezes e não fizemos o gol. O Atlético-GO finalizou quatro e ganhou o jogo (1 a 0). Teve ainda a fratura do Jadson na costela no fim do primeiro turno que deixou parado e, ao voltar, Jadson não conseguiu ser aquele Jadson do Paulistão e do primeiro turno. Foram alguns fatores que penso que poderiam ter sido melhor. Mas com certeza, o foco a gente perdeu.

Para o Dérbi decisivo, Carille fez duas mudanças: sacou Jadson e Maycon e escalou Clayson e Camacho. O modelo de jogo seguiu igual, mas as peças elevaram o nível de atuação do time.

– O mais importante é deixar todo mundo preparado. No Campeonato Brasileiro, você não tem muito tempo para treinar, então precisa deixar todos com a ideia bem definida para que a qualquer momento você possa fazer alguma mudança se for necessário.

– Jadson não estava sendo o mesmo Jadson, ficou muito tempo parado pela fratura na costela. Então resolvi tirar. Com Maycon, a pressão estava grande, ele tinha dado uma caída, lembro que chamei ele para conversar e disse que não ia iniciar com ele. A forma de jogar a gente não mudou. Não vimos que os adversários estavam muito superiores a nós ou nos engolindo. Eram detalhezinhos que estavam resolvendo os jogos. Por isso, a gente manteve a forma de jogar, mas mudando as características dos atletas. Mas todos eles foram fundamentais para aquele ano maravilhoso.

Heptacampeão brasileiro, o Corinthians está bem longe da disputa pelo título nesta temporada. Atualmente na 13ª posição com 40 pontos, o Timão tenta se afastar do Z-4 nas rodadas finais.